segunda-feira, 28 de março de 2011

Sanguessugas...

Ela olhou por diversas vezes para a porta do seu quarto, ensaio abri-lá por vários momentos, mas desistia.
Pensou em ter que encarar novamente aquelas pessoas de frente e todos os preconceitos, maldades e hipocrisias que habitavam nelas.
Sim era a vida dela que estava em jogo, precisava sair e encarar o mundo, foi então que os porques começaram a questionar sua cabeça: Porque as pessoas tem que ser tão maldosas com as outras? Porque elas sentem prazer em magoar os outros? Porque não cuidam das suas próprias vidas?
Não adiantava ficar ali se questionando, tinha que olhar nos olhos, encarar a todos e perceber que no mundo, esse é o maior desafio, conviver com seres-humanos tão pobres de espíritos.
Para buscar a fundo sua essência, ela precisava passar por aquelas pessoas, para dar um basta, por mais próximas que essas pessoas podem ser, sendo as vezes membros da família, é preciso ter coragem para dizer não, para eliminar sanguessugas da sua vida.
E ela aprendeu que sanguessugas existem e estão por toda parte, as vezes, dentro de sua própria casa, mas cabe somente a nós deixarmos que eles fiquem por perto e tomem conta das nossas vidas.
Sim, depois ela abriu a porta do quarto, passou perto deles como se tivesse passando perto de uma parede, onde ninguém, tinha expressão, fala e sentimentos, simplismente deletou esses seres da sua vida.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Eu sinto saudade...

Eu sinto saudade de um tempo que já passou, onde tudo era colorida e a simplicidade da vida me encantava.
Eu sinto saudade de olhar nos olhos das pessoas que ficaram só em fotos e hoje não fazem mais parte da minha vida.
Eu sinto saudade do gosto, do cheiro, das coisas que não existem mais.
Eu sinto saudade da fala, da risada alta, que agora se calou.
Eu sinto saudades de abraços, onde os braços foram para longe.
Eu sinto saudade da pureza vivida, da inocência curtida de um mundo que existia.
Eu sinto saudade de olhar ao redor e ver aves voando num céu azul da cor de anil.
Eu sinto saudades de coisas remotas, de gestos sútis, de partículas minhas, de um corpo sem cascas de defesas.
As vezes eu sinto saudades de mim...

segunda-feira, 21 de março de 2011

Paixão...

Esse sentimento que queima, arde, enlouquece, anseia e nos prende.
Um coisa tão forte que cega, causa, descabela, atormenta e confundi.
Inexplicável algumas atitudes, impulsionadas por uma força que nos leva a perder o equilíbrio e postura.
E as vontades vão surgindo e quando você menos espera, está pegando a estrada para ir de encontro.
E vai te dominando, crescendo, destruindo em partes o seu coração.
Nada é compreensível, tudo é desmedido, incalculável, impetuoso, exagerado e intenso.
Sentimento tão forte, sentido a flor da pele, mas quando passa, você percebe que não era amor e sim uma coisa denominada Paixão.


"Paixão é uma infinidade de ilusões que serve de analgésico para a alma. As paixões são como ventanias que enfurnam as velas dos navios, fazendo-os navegar; outras vezes podem fazê-los naufragar, mas se não fossem elas, não haveriam viagens nem aventuras nem novas descobertas." (Voltaire)

terça-feira, 15 de março de 2011

Acabou com a sua vida...

Ela estava cansada da maneira de como aquele homem a tratava, decidiu sair por ai, sentia vergonha das marcas que estavam no seu corpo, pegou um casaco bem grande, se tampou toda e enfim colocou os pés na rua.
Caminhando sem rumo, sua memória começou a massacra-lá, vendo passar todos os momentos de dor e humilhação que sofreu.
Não tinha mais pra onde andar, não via mais sentido em viver, precisava acabar com tudo naquele momento.
Entre soluços e choros lembrou da vida que tinha sonhado, pensou na festa de seu casamento e como estava feliz naquele dia, na época queria ter pelo menos três filhos.
Mas tudo se tranformou, ele a tratava como se ela fosse uma escrava, pois quando não fazia as suas vontades, apanhava muito, nesses momentos tentava reagir, fazer alguma coisa, mas não conseguia, por medo e muita vergonha.
Se prendeu a essa vida por dez anos e agora o que restava, era apenas o resto de um corpo, espancado, onde por dentro, existia uma alma ferida.
Achou um caco de vidro, foi dilacerando seus pulsos lentamente e enquanto jorrava de sangue e ia perdendo as forças, viu em sua mente, a vida que poderia ter tido, o amor que poderia ter dado, as emoções que poderia ter sentido, os momentos que se transformariam inesquecíveis de felicidade e afeto.
Em seu último suspiro, ela percebeu que se entregou, tinha tudo para ter mudado a sua história, mas por medo e vergonha acabou com a sua vida.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Um Poema...

Aquela chuva que cai
Molha o meu coração
A saudade aperta
E o choro vem junto com a emoção

Talvez um dia ela pare de cair
Assim como paro de me emocionar
Mais em tempos cinzentos
Sinto todo o meu peito se apertar

Nesta terra molhada
Com mais uma noite chuvosa
Penso na vida
E vejo como sou amorosa

Peço logo que o sol volte
Para que não sejam eternos
Os encontros com o meu coração
Em dias e noites cinzentos

Ele padece de solidão...

quinta-feira, 3 de março de 2011

De Todas as Maneiras...

De todas as maneiras que há de amar
Nós já nos amamos
Com todas as palavras feitas pra sangrar
Já nos cortamos
Agora já passa da hora, tá lindo lá fora
Larga a minha mão, solta as unhas do meu coração
Que ele está apressado
E desanda a bater desvairado
Quando entra o verão
De todas as maneiras que há de amar
Já nos machucamos
Com todas as palavras feitas pra humilhar
Nos afagamos
Agora já passa da hora, tá lindo lá fora
Larga a minha mão, solta as unhas do meu coração
Que ele está apressado
E desanda a bater desvairado
Quando entra o verão

Chico Buarque