domingo, 30 de janeiro de 2011

Entregue para a Dança..

Há quanto tempo ela não dançava, daquele modo, de se entregar ao som e as batidas, deixando seus pés e corpos envolvidos em um só ritmo, sem se importar com nada que estava em sua volta.
Foi então que colocou a sua música favorita no último volume, deixou aquela melodia invadir o seu corpo e os movimentos foram nascendo.
Fechou os olhos sentindo o seu bailado livre, leve e solto, parecia até que estava flutuando.
E derepente uma sensação de liberdade, uma força tão grande em ser mulher, começou a perceber o quanto é sensual.
Não dominava mais nada, estava entregue para dança, fazia tanto tempo que não rebolava daquele jeito.
Abriu os olhos se sentindo tão feminina, mas todos estavam olhando-a, e lembrou que estava em seu local de trabalho.
Deu um sorrisinho, sentou e voltou a trabalhar como se nada tivesse acontecido, ouviu comentários e algumas risadas.
Foi então que ela começou a rir sozinha, escondida de todos e pensou: Como é bom sair do mundo real, se dancei bem ou mal não importa, mas a Sandra Rosa Madalena que estava guardada dentro de mim, saiu como um furacão, resgatando a minha maneira mais louca de viver.
E assim ela vai vivendo conquistando o seu equilibrio, cortejando a insanidade... 

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Tarde Demais...

Ela pensava na imensão dos sentimentos que tinham vivido, em todos os momentos que passaram juntos, mas ele decidiu partir e deixá-la, chorou até que todas as suas lágrimas secassem, depois sentiu uma brisa batendo em seu rosto, precisava reagir, afinal de contas a vida continua, e se entregar seria uma bobagem, era nova, estava no auge dos seus 30 anos.
Agora precisa olhar para dentro de si, se redescobrir e ao mesmo tempo se reencontrar, por um momento entrou em desespero por se ver sozinha, depois de tantos anos tendo alguém.
Pensou em viajar ou até mesmo ir para um retiro espiritual, mas riu por dentro, percebeu que era necessário encarar de frente.
Foi atrás do seu apartamento, precisava se recolocar no mercado de trabalho e foi a luta.
Quando se viu trabalhando, percebeu uma nova visão do mundo, o quanto podia ser útil, não que ela tenha se arrependido por ter se dedicado a uma casa e marido por um tempo, mas sentiu o quanto era bom fazer e acontecer.
Depois de um dia cheio de trabalho saiu para caminhar no parque, foi sentindo a mesma brisa batendo em seu rosto na noite em que se separou, mais a sensação foi diferente, começou a sentir-se independente, ou melhor, dona de si e continuou caminhando atraindo todos os olhares.
Começou a sair com os novos amigos, ver pessoas bonitas e interessantes, nesse instante veio em sua mente: Nossa achava que o meu mundo era só ele!
Vivendo uma nova vida, cuidado só dela, percebendo o quanto era capaz e descobrindo que existiam outras pessoas so seu redor, viu que aquele tinha sido um mundinho seu e existia algo muito além.
Decidiu ir as compras, para a sua surpresa quando estava saindo de uma loja se deparou com ele acompanhado de outra mulher, mas respirou fundo ergueu a cabeça e o cumprimentou, ele todo sem graça retribui o gesto e ficou olhando-a.
Quando estava entrando dentro de seu apartamento recebeu uma mensagem no seu celular que dizia: Você está linda!
Lembrou dos últimos meses que passaram juntos o quanto esperou por um elogio desses e nada, mas sorriu por dentro lendo a mensagem, por outro lado não teve vontade nenhuma de responder.
Os dias foram passando, conheceu uma pessoa interessante, do mesmo núcleo de amigos, começaram a ir no cinema, teatro, bares, shows e pela primeira vez percebeu que estava curtindo a vida ao lado de alguém.
Alguém que torcia por ela, que ficava feliz por suas conquistas profissionais, dando apoio, ajudando sempre que necessário, tendo trocas não só de carinho, como de experiências e vivendo e descobrindo coisas novas juntos.
E derepente ela descobriu o amor verdadeiro, mas pra isso teve que lutar por si mesma, e acima de tudo buscou o seu amor próprio.
Um belo dia seu ex foi procurá-la e disse que  sua vida não tinha mais sentido, que nunca mais encontrou ninguém que cuidasse dele do jeito que ela cuidava. Nesse momento tirou do bolso um convite de casamento, e para a surpresa dele, era dela.
Ele sentiu uma sensação de perda, vazio e dor e percebeu que era tarde demais...
Por sua vez, pensou em tudo que tinham vivido e na mulher deslumbrante que se transformará longe dele.

Depois de algum tempo, você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
William Shakespeare

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Através da janela do seu quarto....

O olhar dela parou na janela. Naquele momento avistou a destruição que o vento e a chuva estavam causando, viu pessoas se afundarem em terra, pais perdendo seus filhos, filhos perdendo seus pais, pessoas desesperadas perdendo suas casas e gritando de dor, pedindo socorro, se jogando em cordas, se agarrando a destroços.
Mais uma vez grudou os olhos do outro lado da janela e viu um bebê dormindo em um pedaço de telha, sendo empurrado pela chuva e chegando até ela.
Quando enfim conseguiu pegar o bebê no colo ele chorou, um choro de vida, de esperança, de estar ali nos braços dela inteiro, sem nenhum arranhão.
Foi então que o enrolou num cobertor quentinho e derepente a surpresa: ele parou de chorar, abriu os olhinhos, no momento em que ele abriu os olhos o mundo parou e tudo se transformara.
Em meio aquele caos, tendo visões terríveis de perdas, catástrofes, existia uma vida, pronta para começar.
E ela compreendeu que era difícil olhar para tudo aquilo que estava acontecendo através da janela do seu quarto, mas tinha que ser assim.
Porque por meio daquela criança, ela pode perceber que Deus se manifestou, permitindo salvá-la sem um único arranhão, já o restante teria que partir de uma vez junto com a tempestade.
Foi então que ela olhou para o bebê novamente e pensou: "Senhor dá-me serenidade para aceitar tudo aquilo que não pode e não deve ser mudado. Dá-me força para mudar tudo o que pode e deve ser mudado. Mas, acima de tudo, dá-me sabedoria para distinguir uma coisa da outra."

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Um Olhar de Fome...

Estava andando pelas ruas de Ribeirão, quando olhei na calçada e vi um menino, com as roupas sujas e rasgadas, a mão na barriga se retorcendo.
Parei e fui ver o que ele tinha, quando olhou pra mim senti que nem precisava de respostas, era um olhar de fome.
Mesmo assim perguntei e ele respondeu: já faz uns dias que não como e minha barriga dói, respirei fundo e primeiro comprei algo para ele beber, se comesse de imediato ia passar mau.
Tomou a vitamina, depois comprei salgados assados e deixei dinheiro para que depois comprasse comida, o menino devia ter seus 12 anos.
Quando fui embora senti no olhar dele a angústia e o vazio de ficar sozinho de novo, foi então que me veio a idéia de levá-lo para o Caium, um orfanato de crianças carentes, a expressão dele mudou, franziu a testa e disse: Não volto pra lá, prefiro viver na rua a voltar para um orfanato.
No momento em que disse tchau e fui andando vendo o rosto dele se distanciar me senti um nada e pensei: Eu ajudei, mas foi só por um momento, por um instante, eu ia voltar pra minha casa, com a comidinha da mamãe, tomar aquele banho gostoso e deitar na minha cama limpinha e ele???
Ele vai continuar a andar pelas ruas sem ninguém, sem rumo a tomar, mendingando por um prato de comida, por uma água e vai conhecer o que há de mais pesado no mundo: o crime, a violência e será mais um adulto a se formar sem nenhuma expectativa de vida dígna.
No outro dia passei por aquela mesma rua e levei umas roupas, mas ele não estava mais lá, e agora por todas as ruas que olho procuro aquele olhar e não vejo.
O caminho que ele seguiu só Deus sabe, mas aquele olhar de fome ficará pra sempre marcado na minha memória.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Sonhos as vezes tão reais...

Ela sentiu que sua alma, tinha despreendido do seu corpo, foi então que olhou para um clarão no canto do quarto e avistou aquele sorriso, que faz o seu coração bater mais forte.
Se aproximou, e logo se jogou naqueles braços, recebeu um beijo na testa, foi pegada no colo e ele carinhosamente a colocou em sua cama.
Deitou do seu lado e começou a acariciar seu rosto e cabelo, neste momento ela pensou: Queria que o tempo parasse.
Envolvendo-a em seus braços sorriu e de uma forma sútil, fez ela dormir novamente.
Foi então que acordou, ele não estava mais lá e percebeu que era apenas um sonho.
Um sonho tão real que acordou com o cheiro do perfume dele, que jamais esquecera.

Existem pessoas que são um sonho…
Um sonho pelo qual a gente dormiria a vida inteira.
Mas o destino vem e nos acorda violentamente…
E nos leva aquele sonho tão bom…(Candy Saad)

domingo, 2 de janeiro de 2011

Uma conversa com Deus...

Sentindo as ondas batendo em minha pernas, grudei os meus olhos no mar, naquele momento senti uma presença tão forte, tão clara, linda e iluminada.
Era Deus na sua mais pura essência, se mostrando através do que há de mais lindo: a natureza.
Aquele mar imenso, com aquela água gelada e as ondas fortes batendo. Foi então que olhei para o céu e iniciei uma conversa com todo o meu coração e alma.
Em nenhum momento pensei em pedir nada, somente agradecer a Deus.
O meu agradecimento começou pela oportunidade de conseguir ver, sentir e apreciar o mar, depois tive que olhar para o meu corpo inteiro e dizer obrigada por ter me dado tudo: visão, tato, olfato, audição e o prazer imensurável de andar sobre as ondas.
Foi então que pensei na correria do meu dia a dia: trabalho e estudos, a primeira coisa que me veio na cabeça foi a saúde que o senhor me dá para continuar a correr atrás e batalhar sempre.
Entre um sorriso e outro lembrei da minha família, principalmente dos meus pais e da minha irmã, com quem já passei por tantas coisas, sempre juntos e unidos por um amor incondicional.
Olhei ao redor e vi minhas amigas e pensei em outras pessoas que também faziam parte da minha vida e eram tão especiais.
Pensei no teatro, no meu trabalho e no prazer de acordar todos os dias e abrir os olhos.
Olhei para o céu e disse: Obrigada Deus por tudo, sim eu sou uma privilegiada, eu tenho muito, mas o principal sou sua criação e a maior prova de todo o seu amor por mim é de me dar a honra e o prazer de sentir a sua presença, a tua grandiosidade nas ondas do mar.