quinta-feira, 24 de abril de 2014

A Filha da Rua...


Vagava pelas ruas sempre de madrugada.
Por lugares desconhecidos, passando por pessoas e rostos indefinidos.
A brisa da madrugada era fria, mas o seu olhar distante era o seu guia.
Seus passos cada vez mais lentos e o mundo a sua volta ficando pequeno.
Não sentia medo, nem fome, só frio e uma vontade imensa de abraçar.
Abraçar aqueles que estavam ao seu redor.
Para acalentar todas as angústias, dores e aflições daqueles que sofriam.
O sofrimento da solidão, do abandono e da rejeição.
Ela queria que todos eles encontrassem as respostas e os caminhos de volta.
De volta a uma vida que eles deixaram de viver.
Buscando em cada um o belo e o colorido de se amar.
Que eles se reencontrassem em si como seres humanos que são. Com suas totalidades.
E na sua imensidão sabia que jamais iria alcançar a perfeição.
Ela só queria tocar o coração das pessoas...



quarta-feira, 9 de abril de 2014

De Frente com Luandre...


Era um dia comum, onde todas as coisas comuns e cotidianas estavam acontecendo.
E eu com essa velha mania de olhar o céu azul e ficar descobrindo o formato das nuvens.
Meus olhos se fixaram em uma nuvem enorme que me prendeu a atenção e foi tomando formas de um rosto bastante delicado.
Esse rosto foi saindo da nuvem e se materializando em um corpo que se aproximava cada vez mais.
Para minha surpresa parou na porta da cozinha, sorriu pra mim e eu a reconheci.
Era ela Luandre...
Meu coração disparou, pois ela nunca tinha aparecido para mim durante o dia, parecia que sempre esperava o cair da noite mais misteriosa.
Senti uma energia forte e sem explicação a sua luz se misturava com a do Sol e eu estava de frente com Luandre.
Perdi a minha fala e deixei-a livre para esse nosso encontro.
Luandre começou uma limpeza em minha volta, suas mãos irradiavam e sua voz dizia: Você precisa ficar leve menina.
Leve para dançar, cantar, rir, escrever, ajudar o próximo, amar e interpretar.
Quando ela disse a palavra interpretar parou os movimentos, olhou no fundo dos meus olhos e lágrimas começaram a cair.
E começamos a chorar juntas e num gesto de desespero tentei abraçá-la.
Foi quando Luandre sumiu só deixando o seu brilho intenso e celestial.
Eu estava me sentindo mais leve, porém lembranças começaram a me dominar.
E o sentido da palavra interpretar me levou direto ao teatro.
O teatro estava vazio, mas Luandre estava lá sentada, quando me viu se emocionou e novamente partiu.
E eu voltei a si, pensativa e calada...
Refletindo sobre Luandre, o teatro e a palavra interpretar.