Ontem eu vi Luandre sentada em cima da lua.
Ela reluzia uma luz tão grande que os meus olhos num
primeiro momento não conseguiam enxergá-la.
Depois ela sorriu pra mim e começou a dançar no ar em volta
da lua.
Uma dança solta, livre, confusa e ao mesmo tempo espontânea.
E como ela brilhava...
Um brilho intenso, celestial e colorido.
Luandre dançava com as cores em movimentos suaves a música
era uma valsa de Strauss.
Enquanto ela dançava a valsa entrava em meus ouvidos e
visões de salões e teatros invadiam a minha mente.
Era Luandre bailando em palcos grandiosos, recebendo
aplausos de plateias com homens finos e mulheres refinadas.
Olhei para ela novamente e estava sentada na lua com os
olhos cheios de lágrimas.
Ela não queria que eu tivesse lembrado as plateias dos
palcos de tempos tão antigos.
Eu só precisava observá-la bailando em volta da lua brilhosa
e iluminada.
Veio-me a angústia e Luandre se foi...
Tentei buscá-la em meu olhar parado, nas minhas visões tão
reais, mas não consegui reencontrá-la.
Quando eu me lembro de Luandre percebo como somos parecidas,
pois assim como eu ela também tem alma de artista despedaçada.