Estava andando pelas ruas de Ribeirão, quando olhei na calçada e vi um menino, com as roupas sujas e rasgadas, a mão na barriga se retorcendo.
Parei e fui ver o que ele tinha, quando olhou pra mim senti que nem precisava de respostas, era um olhar de fome.
Mesmo assim perguntei e ele respondeu: já faz uns dias que não como e minha barriga dói, respirei fundo e primeiro comprei algo para ele beber, se comesse de imediato ia passar mau.
Tomou a vitamina, depois comprei salgados assados e deixei dinheiro para que depois comprasse comida, o menino devia ter seus 12 anos.
Quando fui embora senti no olhar dele a angústia e o vazio de ficar sozinho de novo, foi então que me veio a idéia de levá-lo para o Caium, um orfanato de crianças carentes, a expressão dele mudou, franziu a testa e disse: Não volto pra lá, prefiro viver na rua a voltar para um orfanato.
No momento em que disse tchau e fui andando vendo o rosto dele se distanciar me senti um nada e pensei: Eu ajudei, mas foi só por um momento, por um instante, eu ia voltar pra minha casa, com a comidinha da mamãe, tomar aquele banho gostoso e deitar na minha cama limpinha e ele???
Ele vai continuar a andar pelas ruas sem ninguém, sem rumo a tomar, mendingando por um prato de comida, por uma água e vai conhecer o que há de mais pesado no mundo: o crime, a violência e será mais um adulto a se formar sem nenhuma expectativa de vida dígna.
No outro dia passei por aquela mesma rua e levei umas roupas, mas ele não estava mais lá, e agora por todas as ruas que olho procuro aquele olhar e não vejo.
O caminho que ele seguiu só Deus sabe, mas aquele olhar de fome ficará pra sempre marcado na minha memória.
Pequena eu me emocionei muito porque já passei por isso, vc sabe da minha história, graças a Deus encontrei uma família e segui um caminho diferente, fica bem e fica com Deus, bjooo...
ResponderExcluirNossa, arrepiei e me emocionei... eu fico extremamente comovida com isso! Muitas coisas passam em minha cabeça. Quantas injustiças. O que podemos fazer para mudar isso? Há muitas pergunta sem respostas... nem sei mais o que falar... isso é extremamente triste... beijos
ResponderExcluirE ficará para sempre marcado na memória dele a vitamina, os salgados e, talvez, a esperança de que existem no mundo pessoas assim pelas ruas: sensíveis demais.
ResponderExcluirArrepiante. Não deveria ser, mas ainda nos surpreendemos com essas situações. Não há o que dizer mesmo, a menos que façamos a nossa parte. De tijolinho em tijolonho, contruiremos uma casa bem bonita!
ResponderExcluirBjão!
Nuss, triste aceitar que ainda tem gente que morre de fome num país como o nosso, trenzim.
ResponderExcluirParabéns por sua atitude, porque a maioria passa e não faz nada. Vê tudo como se já fizesse parte da paisagem.
Bjim.
@ChrisRibeiro