Era um dia comum, onde todas as
coisas comuns e cotidianas estavam acontecendo.
E eu com essa velha mania de
olhar o céu azul e ficar descobrindo o formato das nuvens.
Meus olhos se fixaram em uma
nuvem enorme que me prendeu a atenção e foi tomando formas de um rosto bastante
delicado.
Esse rosto foi saindo da nuvem e
se materializando em um corpo que se aproximava cada vez mais.
Para minha surpresa parou na
porta da cozinha, sorriu pra mim e eu a reconheci.
Era ela Luandre...
Meu coração disparou, pois ela
nunca tinha aparecido para mim durante o dia, parecia que sempre esperava o
cair da noite mais misteriosa.
Senti uma energia forte e sem
explicação a sua luz se misturava com a do Sol e eu estava de frente com Luandre.
Perdi a minha fala e deixei-a
livre para esse nosso encontro.
Luandre começou uma limpeza em
minha volta, suas mãos irradiavam e sua voz dizia: Você precisa ficar leve
menina.
Leve para dançar, cantar, rir,
escrever, ajudar o próximo, amar e interpretar.
Quando ela disse a palavra
interpretar parou os movimentos, olhou no fundo dos meus olhos e lágrimas
começaram a cair.
E começamos a chorar juntas e num
gesto de desespero tentei abraçá-la.
Foi quando Luandre sumiu só
deixando o seu brilho intenso e celestial.
Eu estava me sentindo mais leve,
porém lembranças começaram a me dominar.
E o sentido da palavra
interpretar me levou direto ao teatro.
O teatro estava vazio, mas Luandre
estava lá sentada, quando me viu se emocionou e novamente partiu.
E eu voltei a si, pensativa e
calada...
Refletindo sobre Luandre, o
teatro e a palavra interpretar.